História

História de Olaria

Prof. Elcio Moreira de Paula

Situada no extremo sul da Zona da Mata mineira, a cidade de OLARIA tem suas origens no contexto da mineração e dos caminhos e descaminhos do ouro nesta região conhecida nos anos 1700 como Descoberto da Mantiqueira ou Sertão Proibido. A região foi declarada Área Proibida pelas autoridades coloniais na intenção de impedir o contrabando de ouro e de qualquer mercadoria em caminhos clandestinos que existiam nos sertões da Serra da Mantiqueira. Um desses caminhos, que cortava a região de Olaria e transpunha a Serra Negra em direção ao rio Preto, era uma antiga trilha indígena que foi utilizada como rota de contrabando do ouro do interior de Minas em direção ao Rio de Janeiro. Mais tarde, no início dos anos 1800, este mesmo caminho foi declarado regular pelas autoridades, tornando-se conhecido por diferentes nomes como a Estrada do Comércio ou a Estrada do Rio Preto; e passou a ter maior movimento por encurtar a jornada para a capital do Império em vários dias, recebendo grande fluxo de pessoas e de mercadorias.

Nos caminhos antigos, era comum as ‘paradas’ com hospedarias e ranchos para o descanso e para o reabastecimento das tropas, dos tropeiros e dos viajantes. Uma destas paradas era a da Fazenda Olaria, onde se podia alimentar, dormir e comprar milho para os animais. Neste local, nas primeiras décadas de 1800, formou-se o Povoado da Olaria com casas residenciais e comerciais, uma capela dedicada à Nossa Senhora do Rosário e um cemitério, estes, hoje demarcados pela Gruta de Pedras da Praça 1º de Março. Portanto, as origens da cidade de Olaria estão ligadas ao ‘ponto de parada’ na Estrada para o Rio de Janeiro, junto a Fazenda Olaria. Esta fazenda que era parte da antiga Sesmaria de Santo Antônio, do Capitão Antônio Rodrigues Gomes, da qual posteriormente partes foram compradas por José Ribeiro de Castro, José Caetano Rodrigues, João Caetano Rodrigues, Manuel Vieira, Felício Rodrigues de Paula, Manuel Martins Ferreira, entre outros. Assim, o topônimo OLARIA, advindo da fazenda de mesmo nome, passou a denominar este povoado pertencente a aplicação (distrito) de São Domingos da Bocaina, da freguesia da Ibitipoca, do município de Barbacena.

No século XIX, devido ao declínio da atividade mineradora houve a diversificação das atividades econômicas nas fazendas da região, contribuindo para o aparecimento de novas ocupações como a criação de gado bovino e suíno, o cultivo e a comercialização de produtos básicos como milho, feijão e mandioca, para atender a demanda por alimentação da população e dos numerosos viajantes, tropeiros e tropas de muares que transportavam cargas para o Rio de Janeiro e de lá para o interior mineiro. O que hoje denominamos de Praça 1º de Março, no centro de Olaria, foi no passado conhecida como Praça do Comércio, ponto de parada para descanso e reabastecimento, e local de vendas, compras e trocas de variados produtos. A casa antiga e alongada da praça principal e a outra da rua Dalmo Tinoco ainda são testemunhas desde período de comércio vigoroso que atraia fazendeiros locais como os Coronéis Procópio Theolino de Paula e Manuel Inácio Alves de Mello ou de estrangeiros como os irmãos Pentagna (Nicolau, Caetano e Victor Pentagna), italianos que vieram para Olaria na década de 1860 e se dedicaram ao comércio e ao transporte de mercadorias para a cidade de Valença no estado do Rio de Janeiro. Estes três irmãos italianos casaram-se com três irmãs olarienses, respectivamente, Maria Clara, Mariana e Urbana, filhas de Maria Nicézia e José Ribeiro de Castro, donos da Fazenda Sesmaria e da Fazenda Crisciumas.

Por outro lado, a religiosidade e a fé do povo transformavam qualquer acontecimento em milagre, num processo que ocorreu em muitos lugares de Minas Gerais. Segundo uma tradição local, o desaparecimento de um escravo chamado Isidoro fez a proprietária da fazenda, Sinhá Umbelina Vitória de São José, esposa do casal Capitão Felício Rodrigues de Paula, pedir ao santo de sua devoção a volta do escravo. Por meio da reza de terços sob a intercessão de Santo Antônio, o escravo reapareceu e disse que encontrou na mata virgem um homem trajando veste escura e cordão amarrado à cintura, o qual falou de Deus e também mostrou-lhe o caminho para a casa de seus senhores. O fato foi considerado como uma aparição de Santo Antônio, dando um novo elemento para a denominação da localidade, que passou a ser conhecida como Santo Antônio da Olaria.

Diante da suposta aparição do Santo, anos mais tarde, os filhos e parentes do casal Capitão Felício Rodrigues de Paula e Umbelina Vitória de São José resolveram edificar um templo dedicado ao santo. Entre aqueles que abraçaram o projeto de construção da igreja de Santo Antônio em 1869, encontramos os nomes dos fazendeiros Major João Caetano Rodrigues, Coronel Manoel Inácio Alves de Melo, Tenente-coronel Antônio Carlos de Oliveira, Tenente-coronel Francisco José Moreira, Tenente José Rodrigues de Oliveira, Tenente José Basílio de Paula, Capitão Jacintho Rodrigues da Cunha e Coronel Carlos Rodrigues da Cunha. O terreno para a nova igreja foi doado pelo fazendeiro João Caetano Rodrigues. Neste mesmo terreno ao lado da igreja, hoje denominado de Praça Santo Antônio, também foram erguidas novas construções para que as famílias dos fazendeiros pudessem vir ao arraial desfrutar das festividades e celebrações religiosas.

Com o crescimento do povoado e a importância que o mesmo ganhava por estar ao lado da Estrada do Comércio, os fazendeiros e lideranças locais requereram às autoridades provinciais e do Império a elevação de Olaria à condição de Distrito, o que ocorreu pela Lei Provincial Mineira no 1.807, de 19 de julho de 1872. O território do Distrito de Santo Antônio da Olaria incluía fazendas e localidades desde a Serra Negra, São João, Quintilianos, Pão de Angu, Lopes, Capoeirão, Várzea do Brumado até a serra da Rancharia. Entretanto, no ano de 1887, metade do território de Olaria (fazendas e localidades da região do Capoeirão, Várzea do Brumado, Lopes e Cachoeira) foram transferidas para o município de Lima Duarte, pela Lei Provincial Mineira nº 3442, de 28 de setembro de 1887. Neste período o restante do Distrito de Santo Antônio da Olaria continuou incorporado ao município de Rio Preto, ao qual pertenceu até 1923, sendo transferido neste ano para o município de Lima Duarte pela Lei Mineira nº 138, de 7 de setembro.

Entre tantos homens e mulheres que dedicaram seu trabalho em prol de Olaria, merecem destaque o nome do fazendeiro e farmacêutico Coronel Procópio Theolino de Paula, seguido por seu filho Isaltino Levindo de Paula, este, doador do terreno para a Escola e construtor da usina elétrica, do campo de futebol e do prédio do cinema de Olaria, o Cine-Teatro Estrela do Sul (hoje, sede da Prefeitura Municipal). Seguem também os nomes de Francisco de Azevedo Tinoco, que teve a iniciativa do primeiro cinema, o Cine Progresso; do jornalista Jesus Rodrigues de Oliveira, que exaltava Olaria, mesmo morando e exercendo o jornalismo em Juiz de Fora; de Ivo Theotônio de Ávila, o primeiro agente dos correios; de João Alves de Oliveira, o primeiro escrivão em 1874; e o de Eliza Barbosa, a primeira professora em 1882. E também, em tempos mais recentes, os nomes de Maria Vitória de Jesus e de Bento Manoel da Cunha, que deram continuidade as tradições culturais de origem africana, como a Congada, ou da religiosidade popular, como as Rezas paras Almas e a Folia de Reis, e do Professor Antenor Campos que nos legou na década de 1970 seu poema “Olaria”.

O Decreto-Lei Mineiro nº 148, de 17/12/1938, reduz a denominação do Distrito de Santo Antônio da Olaria para apenas para Olaria. E em 30 de dezembro de 1962, pela Lei Estadual Mineira nº 2764, Olaria ganha sua autonomia e o município foi instalado em 01 de março de 1963, iniciando os trabalhos da Câmara de Vereadores e da Prefeitura, tendo à frente o Intendente Carlos Ferreira Motta até a realização da primeira eleição municipal em julho de 1963, quando os eleitores olarienses escolhem seu primeiro Prefeito, o farmacêutico Anísio de Assis Ávila (mandato de 20/08/1963 a 31/01/1967), seguido por João Caetano de Paula Rodrigues (mandato de 01/02/1967 a 31/01/1971), Carlos Ferreira Motta (mandato de 01/02/1971 a 31/01/1973), Dolival Caetano de Paula (mandato de 01/02/1973 a 31/01/1977), José Raimundo da Cunha (mandato de 01/02/1977 a 28/02/1983), José Nelino de Oliveira (mandato de 01/02/1983 a 31/12/1988), Romildo de Oliveira (mandato de 01/01/1989 a 31/12/1992), José Nelino de Oliveira (mandato de 01/01/1993 a 31/12/1996), Proto Senra (mandatos de 01/01/1997 a 31/12/2000 e de 01/01/2001 a 31/12/2004), Nelson Moreira de Paula (mandatos de 01/01/2005 a 31/12/2008 e de 01/01/2009 a 31/12/2012), Ronaldo de Paula Alves (mandato de 01/01/2013 a 31/12/2016), e Luiz Eneias de Oliveira (mandatos de 01/01/2017 a 31/12/2020 e de 01/01/2021 a 31/12/2024).

Aspectos Gerais do Município de Olaria-MG

  • Área Territorial: 178,2 km²
  • População no censo de 2010: 1976 pessoas
  • População estimada: 1.694 pessoas [2021]
  • Densidade demográfica: 11,09 hab/km² [censo de 2010]
  • Escolarização 6 a 14 anos: 97,1 % [censo de 2010]
  • IDHM Índice de desenvolvimento humano municipal: 0,636 [censo de 2010]

Fonte: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/mg/olaria.html

O município de Olaria está localizado no extremo sul da zona da mata mineira, sob as coordenadas -21o, 51′ 39″ (latitude) e -43o, 56′ 14 (longitude), com altitudes variando entre 870 m e 1720 m. Seu território é limítrofe aos municípios de Bom Jardim de Minas (ao sul), Rio Preto (ao leste) e Lima Duarte (ao norte), sendo cortado do sul para o norte pelo rio do Peixe, que tem sua nascente no município de Bom Jardim de Minas, e banhado ainda por rios menores tributários do rio do Peixe: rio São João que nasce na Serra Negra, maciço que define a divisa de Olaria com o município de Rio Preto, rio Pari que nasce na serra do Cruz, e rio Rosa Gomes, que marca a divisa de Olaria com o município de Lima Duarte.

Com área de 178,2 km2, o município está a 80 km de Juiz de Fora e próximo ao Parque Estadual da Ibitipoca e do Parque Estadual da Serra Negra da Mantiqueira, do qual parte da sua área está inserida no município de Olaria. É predominantemente montanhoso, marcado por ramificações da Serra da Mantiqueira, como a Serra Negra, a Serra das Flores e a Serra do Cruz, lugares que possuem porções de mata e de campos de altitude.

Em outubro de 2021 foi criado pela Lei Municipal nº 786, de 31/10/2021, o Distrito de São Sebastião da Vista Alegre (Quintilianos), passando o território de Olaria a contar com este Distrito mais o Distrito da Cidade.     

 

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